Urupês 100 anos

Em junho de 1918 chegava às poucas livrarias existentes no Brasil a tiragem de mil exemplares da primeira edição de Urupês, reunião de contos escritos pelo paulista Monteiro Lobato.


Capa da 1ª edição de Urupês, por J. Wasth Rodrigues. 1918


Esgotada em menos de 20 dias, a editora já preparou uma segunda edição, aumentada do artigo A Velha Praga, originalmente publicado em 1914 no jornal O Estado de São Paulo, e que foi a gênese do livro.

Na verdade, nesse artigo escrito pelo fazendeiro Lobato, denunciando as queimadas que arrasavam o interior paulista, surge o caboclo indolente e fatalista, o qual ele batiza de Jeca Tatu. O sucesso desse artigo o leva a escrever o seguinte, intitulado Urupês, em que descreve o Jeca e seu modus vivendi

A segunda edição também se esgota em menos de um mês e em início de setembro sai a terceira edição, de 6 mil exemplares. Era um recorde para o lançamento de um autor estreante.

Mas o grande estouro do livro foi a citação feita por Ruy Barbosa, em 1919, ele que não citava autores vivos, quem dirá um novato!


Podemos dizer que Urupês foi o livro-mãe da moderna indústria editorial brasileira, criada por Lobato a partir do sucesso de seu livro.

Em 1925 a Cia. Graphico-Editora Monteiro Lobato, então a maior e mais moderna do país, com maquinário de última geração. Em meados desse ano, entretanto, é vítima do racionamento de energia (causado pela seca que assola São Paula) e da grave crise política nacional, pedindo falência. 

Mas Lobato não desiste, e com a massa falida funda a Cia. Editora Nacional, que viria se tornar a maior editora brasileira do século XX.

Em 1943 surge a ideia de comemorar o jubileu de prata de Urupês, e uma série de eventos são organizados. Uma edição especial é lançada pela CEN e mais uma vez o livro se torna o centro dos debates.

Edição especial do jubileu, 1943

Em 1944 o município paulista de Mundo Novo muda seu nome para Urupês, e que acredito ser caso único de cidade que adota nome de um livro.

Nos anos 60 é criada a Encadernação Urupês, subsidiária da Editora Brasiliense, para efetuar os serviços de encadernação dessa editora, notadamente as coleções de Monteiro Lobato.

E a Oficina FU, em sua gênese de Finisterre Urupês, tem a honra de homenagear esse grande livro e seu genial autor.

Postagens mais visitadas

Cabeceado